quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

No compasso da espera...



Olá amigos. 

Puxa, agora que vi que minha última postagem ocorreu em fins de dezembro de 2020! 

Admito que nos últimos tempos não tenho tido tempo e pique pra produzir conhecimento no ritmo que eu gostaria. Bem que Dawson na sua obra monumental O julgamento das nações nos alertou que somente quando as sociedades permitem aos seus cidadãos curtir o ócio criativo as grandes obras culturais podem ser criadas. Talvez isso explique porque há tempos não vejo um debate sadio pelas redes sociais. Só leio lugares comuns, vídeos em abundância citados como Autoridades sobre tudo: de política a cuidados de saúde, teologia a magistério da Igreja católica. 

Tenho plena consciência de que minhas palavras irão desagradar a muitos que pensam que a democracia é isso: a livre expressão do pensamento. É isso, mas há mais: a liberdade deve ser acompanhada da responsabilidade. Quando o fundador da logoterapia, a psicologia do sentido da vida, Viktor Frankly chegou de navio a cidade de Nova Iorque apresentaram a ele a estátua da liberdade, ao que ele retruco: e na cidade de Los Angeles está a estátua da responsabilidade?. 

Sem responsabilidade a liberdade de pensamento é libertinagem, abuso. 

Não quero aqui defender censura de nenhum tipo, nem de magistrados, nem da imprensa ou dos influencers digitais, mas chamar a todos para a responsabilidade dos nossos atos. 

Quanto à polêmica em torno da Campanha da Fraternidade 2021, admito que acompanho com tristeza o desvirtuamento por um lado, e a recusa total do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, por outro. A briga de rua em que o debate se tornou só comprovou o que eu mesmo havia escrito dezesseis anos atrás:

[...] o movimento ecumênico acabou rumando para lugares inusitados, já que o ecumenismo calcado em temáticas liberais cede espaço a um outro ecumenismo, escorado na identidade denominacional, nos valores morais, e com a forte presença do catolicismo de João Paulo II como personagem principal. Isso não nos deveria assustar, já que também vimos como o próprio conceito de oikoumene [ecumenismo] variou ao longo da história, e mesmo hoje ele é interpretado de diversas e curiosas formas, de acordo com o tipo de inclusão-exclusão a que ele se propuser. Afinal, a totalidade do mundo conhecido também é capaz de excluir. 

A conclusão final a que chegamos é a de que o futuro próximo aponta para um ecumenismo entre denominações, lideranças religiosas e grupos de estudos entre especialistas de Igrejas, a princípio não dispostas a relativizar sua identidade pela unidade. O ecumenismo dito popular só será possível se nos libertarmos da dialética povo versus cúpula, herança da teologia da libertação, e da herança mais duradoura do conservadorismo. A hora de um verdadeiro ecumenismo popular ainda não chegou.

MINAMI, Edison. Os Franciscanos da Reconciliação e o Ecumenismo na Arquidiocese de São Paulo (1977-1994). São Paulo: DH-FFLCH-USP. Dissertação de mestrado, 2005, p. 216. 

Era somente isso que queria destacar enquanto espero a hora dos meus pais receberem o imunizante contra o coronavirus. Espera difícil, ainda mais diante dos descompassos de nossos gestores e líderes públicos. Mas é preciso enfrentar todas essas dificuldades com alegria, serenidade e paciência, pois elas confirmam a fé diante de Deus e servem de purificação para que aceitemos mais plenamente o Amor, que nada mais é que aceitar a dor em nome de Deus e de quem Deus colocou aos meus cuidados.

Que eu seja digno de tanta atenção Dele, e resista até o fim!