domingo, 24 de dezembro de 2023

Natal

Estamos na véspera do Natal e uma sensação estranha me invade.

A cidade de São Paulo está mais vazia, silenciosa e deserta, o que em si não é ruim. Estou adorando: o trânsito mais sossegado, a rua mais silenciosa, o transporte público mais rápido e eficiente. Admito que nos últimos tempos passei a apreciar essa calmaria, pois me ajuda a relaxar, ler, meditar, rezar. Bom para a gente se preparar espiritualmente para o Natal.

Mas... tirando o hall de entrada do meu prédio, o presépio na minha sala e o mini presépio da minha mesa de trabalho não vejo os prédios e casas enfeitados como em anos anteriores. O que está acontecendo com todos? Cadê o tal espírito natalino?

Alguns explicam que isso é causado pela crise econômica global, que as medidas que o governo tomou ainda não surtiram efeito, que esse mau humor é culpa da oposição do Bozo ou seja lá de quem for; ou pelo contrário é sim culpa do governo Molusco, da guerra lá onde Judas perdeu as botas.

Mas na época em que o menino Jesus nasceu o mundo também vivia em guerra: a Pax Romana era imposta à força nas fronteiras do Império onde as legiões seguravam com dificuldade pictos, partos, germânicos, persas e muitos mais. Na Galileia, parte do reino judeu fantoche onde Jesus resolveu nascer, judeus e romanos viviam se detestando tanto que anos mais tarde realizariam em atentados terroristas onde os zelotes usavam uma adaga especial contra os malvados imperialistas...– sim, já existia isso naquela época!

A grande verdade é que o Natal não depende dos fígados, do estado de ânimo ou saldo bancário (ainda bem!). Nos lembra que Deus nos criou e nos amou apesar dos nossos erros, pecados e deficiências, tanto nasceu como um de nós. E mesmo assim: ele veio ao que era seu e os seus não o reconheceram. (João 1, 11).

Em resumo: você pode não ligar para Deus, mas Deus sempre liga pra você!

O Menino Jesus, Deus onipotente, veio para nos lembrar que o Criador não é distante e vingativo, mas caloroso e respeitador dessa liberdade humana que gosta de errar e fazer muita caca, e por isso que o mundo anda capenga porque os homens preferem o erro ao acerto e chegam a chamar o erro de acerto! O Deus-criança só quer que você se lembre Dele, e se puder vá a sua Igreja e o adore, em retribuição por ter feito tudo para que você existisse como existe neste exato instante.

Enfim, como diz um velho amigo meu vigia da paróquia: Feliz Natal!

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