Como todos já sabem estou desde o dia 20/03/2020 em isolamento aqui onde resido atualmente e admito que nem sempre é fácil. Há momentos em que a saudade dos parentes, amigos e conhecidos incomoda, além é claro de não poder mais sair pelas ruas despreocupadamente. Mas existem coisas mais importantes como cuidar dos pais idosos, e nesse momento só encontro forças para seguir adiante graças ao apoio de Deus. No resto, tombamos. Falo isso com experiencia própria.
Nessas horas a
gente se cansa das baboseiras das redes sociais; dos debates infindáveis na TV;
de ficar repassando a higienização de corpos, ambientes e coisas, e decidimos
reagir aceitando e nos adaptando as circunstâncias. No meu caso, retomei com
vigor as leituras.
Foi nesse
contexto que li esse livro recente de Scott Hahn, O quarto cálice. (Cf.: https://www.quadrante.com.br/o-quarto-calice).
Hahn, membro da Prelazia
do Opus Dei nos Estados Unidos da América e escritor de talento e
erudição, tratou desse tema aparentemente batido, porém mal compreendido: a
instituição da Eucaristia na Quinta-Feira Santa e a Paixão de Jesus na
Sexta-feira.
Hahn nos leva a
reconstituir suas pesquisas sobre a Última Ceia de Jesus e como na celebração
daquele dia memorável Jesus seguiu á risca o Seder judaico, ou seja, a
rememoração da Páscoa Judaica, a fuga dos hebreus do Egito.
Como um detetive
litúrgico, Hahn amplia nossa compreensão da celebração eucarística nos levando
a conclusão de que entendemos precariamente o real significado da celebração
eucarística.
Hahn demonstra
ter uma erudição que não o leva a eliminar ou excluir autores que não comunguem
da mesma visão de eclesiologia que ele, como pude comprovar pela leitura atenta
da bibliografia. (Agradeço a Editora Quadrante por se importarem com
pessoas como eu que valorizam livros com bibliografia e notas de rodapé.
Obrigado, obrigado...).
Vou apenas
comentar algumas poucas passagens que me chamaram a atenção e dividi-las em alguns
posts. Espero que não prejudique o entendimento do livro.
Hoje vou
deixá-los com uma breve reflexão sobre o mundo atual em que vivemos, um mundo
que insiste em viver de costas para suas próprias tradições, querendo nos impor
suas próprias:
“No século XXI, gostamos de pensar em nós mesmos como
sagazes consumidores de notícias – ou mesmo de história. Somos céticos no que
diz respeito a tradições. Gostamos de imaginar que somos exigentes na avaliação
da veracidade das evidências. No entanto, temos também nossas tradições, das
quais se destaca a proliferação anual de artigos e especiais televisivos que
pretendem refutar o que o Novo Testamento diz sobre Jesus. Eles começam a
pipocar em meio à Quaresma e multiplicam-se durante a Semana Santa. Trata-se de
uma espécie de liturgia secular, com suas próprias proclamações, seus próprios
recursos à autoridade e seu próprio caráter formativo. Entre seus alvos de
costume encontra-se o caráter pascal da Última Ceia”[1].
Esse é o mundo que
Deus escolheu para nós vivermos, e é através dele que chegaremos à santidade e
ao Céu.
Até a próxima
semana!
[1] HAHN, Scott. O quarto cálice:
desvendando o mistério da Última Ceia e da Cruz. São Paulo: Quadrante, 2020, p.
51.
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