Na postagem anterior
deixei uns questionamentos para meus pobres seguidores sobre o que nos motiva a
seguir vivendo: estar bem alimentado, sentir prazer o tempo todo, ganhar/gastar
dinheiro... Coisas em si mesmas boas, mas... mesmo que a gente satisfizesse
todos esses desejos chegaria um ponto em que não conseguiria mais se sentir
feliz com elas.
Mas agora vem outra
pergunta angustiante: se o fim da vida não está no prazer e nas coisas, onde
está? Está no universo? Nas energias positivas? Está em plantar uma árvore,
gerar um filho e escrever um livro? Dar nome a alguma rua? Se não respondermos
adequadamente a essa pergunta, voltaremos ao ponto de partida.
Certo dia o psicanalista
do sentido da vida Victor Frankl foi questionado: “Dr. Frankl, tenho vinte e
cinco anos, sexo e dinheiro à vontade. E lhe pergunto: pra que???”[1].
Essa pergunta me fez lembrar a famosa frase do pensador existencialista Søren
Kierkegaard: “o homem tem sede do absoluto”.
No seu pequenino livro A
morte de Ivan Illich Leon Tolstói brilhantemente resumiu o drama de cada um
de nós diante de sua mortalidade. Ao parafrasear o famoso silogismo: o homem é
mortal / Sócrates é homem / logo, Sócrates é mortal; Ivan Illich exclama: isso
faz sentido para Sócrates, não para Ivan Illich! E admitamos: todas as
vezes que sentimos dores, preocupações, decepções, medos, receios, essa desagradável
sensação de finitude e impotência nos assalta.
Esse é que é o correto
questionamento do problema. Nosso fim não pode estar no mundo nem no tempo, mas
em algo ou Alguém que transcenda o mundo e o tempo, senão acabaremos por
esbarrar na velha limitação da matéria, que por maior, mais poderosa e bela que
seja, um dia acaba.
Quem me conhece sabe o
nome desse cidadão a quem me refiro: é Deus. Onipotente, onipresente e
onisciente, vindo desde toda eternidade e rumando para a mesma eternidade, capaz
de criar a partir do nada, e fazer tudo a qualquer momento voltar ao mesmo nada.
Mas Deus não deve nos
meter medo. Ele não se impõe pela força. Ele não age assim. Nas próximas notas
espero tratar mais dos atributos divinos e de pistas para podermos
racionalmente ligar com a questão da fé e da crença apresentando alguns
rudimentos de filosofia da religião. Até lá!!!!!!!!!
[1] FRANKL, Victor. Sede de sentido. Quadrante, São Paulo:
várias edições. Outro livrinho que ajudará um leitor questionador na busca do
sentido da existência é o do saudoso bispo Rafael Llano Cifuentes Grandeza de coração (Quadrante, São
Paulo: várias edições).