terça-feira, 7 de novembro de 2023

FASCISMO, parte I

Meses atrás li a Autobiografia de Chesterton, escrito pelo próprio escritor por insistência de seus amigos meses antes de sua morte, li um trecho curioso:

 

Tudo isso fracassou; os Parlamentos continuam a prosperar; isto é, continuam a apodrecer. Vivemos o suficiente para ver a última fase, quando a revolta contra a podridão nas instituições representativas foi deflagrada um pouco mais ao sul, logo às portas de Roma; e esta não fracassou. Mas trouxe consigo mudanças não inteiramente reconfortantes àquele que ama a liberdade e a antiga noção inglesa de um Parlamento livre. Tenho orgulho de ter estado entre aqueles que tentaram salvá-lo, mesmo que fosse tarde demais. (CHESTERTON, G.K. Autobiografia. Campinas-SP: Ecclesiae, 2012, p. 247).

Chesterton morreu em 1936, logo a sublevação a que ele se referia só podia ser a chegada ao poder pela força do fascismo italiano de Benito Mussolini (1922-1945). Essa sublevação, que Chesterton reconheceu que vinha para consertar a ordem democrática decadente – as instituições representativas apodrecidas – possivelmente deve ter animado Chesterton, mas logo a seguir o desanimou já que não se mostrou capaz de deter nem o processo de apodrecimento da política, nem muito menos deixar de revelar sua vertente totalitária de ausência de liberdade individual, o culto à violência e o militarismo, tão bem demonstrados no decorrer da 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Quando muito você apenas atrasava a decadência das instituições, quando não apressava o fim via (re)ação dos setores progressistas.

Sendo assim, me causa espanto que o pensamento e a ação autoritárias e totalitárias do fascismo italiano e do nazismo alemão não recebam dos círculos conservadores a mesma crítica que costumam dar à esquerda e ao comunismo.

Enfim, infelizmente preciso terminar esta notinha, deixando mais esta ponta solta para meus raros seguidores. Concordo que este assunto merece reflexões mais demoradas, tipo umas dúzias de notinhas curtinhas.

Boa tarde!

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