Aê meus parcos seguidores! Como passaram de
festas de final de ano? Aqui sigo na minha luta diária, um dia após o outro. A
regra é: “ano novo, luta nova!” (São Josemaría Escrivá). Fazer as mesmas coisas
de sempre bem feitas e com a máxima perfeição humana.
Mas... se o homem foi criado para trabalhar e
cuidar desta terra e ele se cansa, então chega uma hora que precisamos
descansar. Logo, o descanso bem vivido é algo querido por Deus. Mas, como já
venho alertando há tempos, descansar não é não fazer nada, mas sim nos
ocuparmos com coisas construtivas: dormir as horas necessárias; ler livros ou
mesmo jornais como O São Paulo – o melhor jornal editado na cidade de
SP![1]; encontrar amigos e conversar com eles; dar um
descanso ao celular e abolir o tiktok da sua vida (eu já instalei o dito
cujo três vezes no meu celular, e por fim o desinstalei. Não é coisa pra velhos).
Mas tem horas que eu quero ver seriados, e aí acompanho
três series que estão disponíveis nas plataformas de streaming e penso
que valem a pena, embora admita que elas possuam valor desigual entre si:
Arquivo X (X files), Star +, onze temporadas.
Essa é indicação para os fãs de intriga, teorias
da conspiração, invasão/colonização alienígenas. Série já antiga, dos anos
noventa do séc. XX, que na época impressionava os mais sensíveis com a ideia de
que fomos criados por seres do espaço e que depois de milhões de anos os mesmos
seres resolvem nos exterminar. O criador e roteirista da série, Chris Carter,
admitiu que ele pensava em teorias da conspiração e num governo que mente sem
parar ao seu próprio povo para se manter – ele no caso se referia ao caso Watergate e no panorama social dos EUA
dos anos sessenta e setenta. Aí ele bolou uma dupla de agentes da policia
federal norte-americana, o FBI (Federal Bureau of Investigations), que
tenta solucionar os casos mais bizarros envolvendo paranormalidade, mutantes, e
é claro, alienígenas.
Os irmãos de fé talvez fiquem revoltados com essa
minha indicação já que por volta da sexta temporada eles insinuam que Jesus era
alienígena e que a religião foi inventada pelos homenzinhos verdes. Enfim...
ponto contra! Mas se você não for muito exigente, vale viajar no clima de
paranoia que a série soube construir muito bem. Muito antes de se falar de fake
News, teorias da conspiração e globalismo, Arquivo X-X Files abriu
caminhos.
O surfista prateado (The Silver Surfer), Disney +
Quando eu era um rapazinho magrinho e cabeludinho
eu lia gibi pra caramba, e um belo dia li um que me impactou: a Graphic
Novel do Surfista Prateado. Escrita pelo criador do universo Marvel Stan
Lee e desenhada pelo cultuado Moebius (Jean Giraud ou Gir[2]), a revistinha investia num tema pra lá de
sério: Galactus, o devorador de mundos e criador do Surfista vem à terra para
absorver o planeta, mas ao contrário do clássico esquema invasão
alienígena/destruição da terra, Galactus se apresenta como uma espécie de
divindade pagã com igreja e tudo o mais contando até mesmo com um porta-voz –
um líder de igreja eletrônica caído em desgraça que se autointitula seu
representante.
Eu cheguei inclusive a usar os quadrinhos do gibi
num trabalho de classe na escola com mural pintado em madeira compensada e tudo
o mais, mas acho que meus colegas de turma não entenderam nada. Era muito esoterismo
pra mente adolescente de 1990!
Tudo isso explica porque sou fascinado por esse
personagem subestimado pelo cinema, com uma única aparição no terceiro filme do
Quarteto fantástico. Na série animada
Norrin Reed – o nome verdadeiro do Surfista Prateado – e sua namorada Chala
Ball vivem felizes no planeta/mosteiro Zenla, até que Galactus – sempre ele! –
aparece para se alimentar do planeta. Preocupado em salvar seus amigos, sua
mina e Zenla, Norrin Reed se oferece para ajudar Galactus na sua sinistra
tarefa de se alimentar de planetas e em troca salvar seu mundo.
O desenho, até pelo fato de ser voltado ao
público infantil, ameniza a discussão moral e religiosa que a Graphic novel
havia colocado de forma clara. Já a relação auto-sacrifício, masculinidade e
ideais superiores certamente desagradou uma parte do público, o que explica que
a série tenha sido descontinuada.
The chosen (Os escolhidos), Netflix, quatro
temporadas
Essa série foi um caso feliz de crowfunding,
ou seja, financiamento direto para a produção. Arrecadando na “vaquinha” dez
milhões de dólares só na primeira temporada, The chosen cumpre o papel que
cabia às antigas Vidas de Jesus como as escritas por Peres de Urbel, Daniel
Rops, ou grandes biógrafos e pregadores como Georges Chevrot, Michel Gasnier,
Otto Ophan, Bento XVI e sua Trilogia sobre Jesus de Nazaré, entre
outros.
A série dá vida a personagens que sabemos pouco,
como Maria Madalena, Simão o zelota, Nicodemos, entre outros. Apesar de eu
achar que a série toma certas liberdades com personagens como Simão Pedro,
apresentado como um briguento inveterado, ou um João Batista que gosta de
encrenca, no fundo é a má vontade do especialista que é um chato, ou seja: eu.
O ponto forte da série é retratar Jesus como um
homem absolutamente comum que escolhe seus discípulos entre pessoas normais:
pescadores, cobradores de impostos, donas de casa, e se revela a elas como o
Messias, o filho do Deus vivo, a segunda pessoa da santíssima trindade. Aliás,
a sem cerimônia com que o Jesus da série realiza milagres e outros fatos
sobrenaturais se aproxima bastante com o que de fato deve ter sido presenciado
na palestina de dois mil anos atrás.
Se fico escandalizado com isso é mau sinal:
significa que o Jesus da minha mente não bate com o Jesus real que não fazia
acepção de pessoas.
A única fraqueza concreta de The chosen é exigir
uma familiaridade com a Bíblia e com os personagens nela citados que fará com
que ateus e pessoas de outras religiões não entendam certas passagens e
episódios. Por outro lado pode servir de estímulo para lermos a Bíblia. Enfim, é
um programa que dá pra assistir com toda a família sem restrições.
Conclusão
TV, seja por sinal aberto ou por streaming, é um
programa bom desde que a gente seja criterioso com o que assiste. Não podemos
ser ingênuos de achar que tudo é bom ou tudo é ruim. Sempre é aconselhável
perguntar a quem tem mais bom senso que a gente e pedir dicas. Compartilhei com
vocês as minhas, mas pode ser que apareça alguém com melhores. Não posso ser
orgulhoso e achar que sempre sei mais do que os outros só porque sou, ou era,
um rato de biblioteca!
Espero que tenham gostado das minhas dicas, e até
a próxima notinha semanal.
[1] Bem que eu podia escrever uma
notinha sobre esse jornal maravilhoso, disponível no papel jornal e no
aplicativo da arquidiocese de São Paulo disponível no Google Play.
[2] Moebius era um quadrinista francês
famoso pelas sagas de ficção cientifica como A garagem hermética, embora
tivesse começado nos anos sessenta quadrinizando histórias de faroeste com seu
personagem tenente Mike Blueberry. Em 1979 ele participou na criação do
ambiente e cenários do filme Alien, no Brasil sub-titulado O oitavo
passageiro.
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