(Paul James Francis, recém ordenado reverendo Episcopal. ANGELL, Charles – LA FONTAINE, Charles. Prophet of reunion: the life of Paul of Graymoor. New York, The Seabury Press. 1975).
Olá amigos! Após um tempo ausente de postagens – a última foi em março passado - decidi me reorganizar e colocar as “últimas pedras” nas postagens sobre as origens do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, abordando alguns casos para ilustrar os limites, dilemas e talvez apontar saídas para o movimento ecumênico neste século XXI. E aqui queria apresentá-los a um dos pioneiros do movimento: Frei Paul Wattson.
Wattson foi um dos pioneiros do movimento
ecumênico, tanto na sua vertente anglicana (ele era pastor protestante) quanto
na católica (se converteu ao catolicismo anos depois). Juntamente com o pastor
anglicano Spencer Jones criaram uma sequência completa de orações ecumênicas incentivando
a unidade dos cristãos, a Oitava da
Cátedra pela Unidade:
18 de janeiro (A Festa da cátedra
de S. Pedro em Roma) – A volta de outros rebanhos para o Rebanho Único do
Cristo.
19 de janeiro – A volta dos
Separatistas Orientais para a Comunhão com a Sé Apostólica.
20 de janeiro – A submissão dos
Anglicanos perante a Autoridade do Vigário de Cristo.
21 de janeiro – Que os Luteranos e
outros Protestantes da Europa Continental poderiam achar o caminho de volta
para a Santa Igreja.
22 de janeiro – Que os Cristãos na
América poderiam tornar-se Um na União com a Cátedra de S. Pedro.
23 de janeiro – Retorno aos
Sacramentos dos prescritos Católicos.
24 de janeiro – A Conversão dos
Judeus.
25 de janeiro – (Festa da Conversão
de S. Paulo) – A conquista pelos Missionários do mundo para o Cristo[1].
Anos mais tarde Wattson e sua
congregação expressaram o desejo de se converterem em conjunto para a Igreja
Católica, mas precisavam de um intermediário adequado. Eles o encontraram na
pessoa do Bispo Kinsman de Delaware que os colocou em contato com o Cardeal
Merry Del Val, um dos principais colaboradores de São Pio X. Paul Wattson
através desse contato enviou uma carta para Roma com um pedido formal ao papa de
aceitação dos Franciscanos na Igreja Católica em conjunto. Wattson pedia ao
papa a manutenção de pontos chave da congregação:
1) a aceitação da totalidade da
Sociedade da Reconciliação à submissão e comunhão Católica;
2) a confirmação do Nome e
Instituto da Sociedade;
3) nossa recepção como membros da
terceira Ordem de São Francisco;
4) a aceitação na fé como ‘Caput et
Mater’ da Sociedade; Casa de São Francisco, Graymoor (a qual nós chamamos nossa
‘Porciúncula’) e do adjunto Monte do Atonement e Mosteiro de São Paulo, uma
propriedade de beleza extraordinária, com vinte e quatro acres de área [localizadas
no estado de Nova Iorque(NY)];
5) a comissão de nossos membros,
tanto os Frades da Reconciliação quanto as Irmãs da Reconciliação, pelo
trabalho [o carisma] de (1) reconciliar pecadores com Deus através do precioso
sangue da Reconciliação, (2) o convencimento de Anglicanos e outros cristãos
não Papais à obediência de São Pedro, (3) a conversão dos pagãos[2].
Um detalhe que não apareceu na
citação acima foi de que São Pio X permitiu que eles utilizassem a tradução
inglesa da Bíblia, a King James Version,
confeccionada no séc. XVII e de inspiração anglicana. Essa deferência era
especial para a Sociedade da Reconciliação – Society of Atonement – lembrando
que o termo atonement é o único que
dá o sentido preciso para a expressão reconciliação.
Outra iniciativa que Paul Wattson
desenvolveu nesses anos foi a devoção a Nossa Senhora da Reconciliação,
padroeira dos Frades Franciscanos da Reconciliação:
(Capela dos frades da reconciliação em Graymoor, NY. Pe. Paul Wattson está no canto esquerdo da segunda fileira). In: ANGELL, Charles – LA FONTAINE, Charles. Prophet of reunion: the life of Paul of Graymoor).
Wattson
faleceu em 1940, mas sua congregação continuou existindo difundindo o carisma
da conversão dos protestantes como meio para se atingir a unidade dos cristãos.
Ainda no início dos anos sessenta do séc. XX um dos freis participou da subcomissão
preparatória do decreto
De oecumenismo, o futuro Unitatis redintegratio, do Concílio Vaticano II.
Mas
a participação do catolicismo no movimento ecumênico naqueles anos via com
desconfiança a orientação unionista/conversionista dos frades da reconciliação.
Outro padre, um francês chamado Paul Couturier, pregava uma orientação rumo a
entendimentos entre católicos e ortodoxos gregos, e não a conversão como alvo
primordial. (Couturier, quando pároco em Marselha, França atendeu muitos
refugiados da revolução russa de 1917, imediatamente simpatizando com os “cismáticos
e heréticos” fugidos do marxismo-leninismo, nascendo assim seu engajamento no ecumenismo).
Consequência
disso foi uma reorientação na Congregação dos Frades da Reconciliação, optando mais pelos colóquios de entendimentos e menos na conversão dos protestantes, o que
refletiu no trabalho missionário em Goiás e também na implantação da pastoral
de ecumenismo na arquidiocese de São Paulo-SP.
Mas
aí já estou adiantando demais a história. Na próxima postagem contarei mais
sobre os inícios do movimento ecumênico no Brasil.
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