Na edição brasileira os livros
contaram com a tradução de Pe. Ricardo Cintra e Emérico da Gama. Escritos há
trinta anos atrás pelo padre Francisco Fernández Carvajal, os sete volumes percorrem
todo o ano litúrgico da Igreja Católica. Os volumes 1 e 2 percorrem o Advento/Natal/Epifania
e a Quaresma/Páscoa/Pentecostes; já os volumes 6 e 7 são as festas dos santos e
as solenidades e o índice geral da obra – no vol. VII. O encadeamento das
meditações – cada dia recebe três – não apresenta comentários ociosos, o que
demonstra o tempo gasto e o cuidado com a redação, algo raro nos tempos apressados
de memes, postagens e comentários pelas redes sociais. A erudição e o entendimento
da Tradição católica do autor impressionam. Nas notas explicativas ao
final dos textos encontram-se mescladas leituras da missa do dia, trechos da
Bíblia, citações da Patrística, teólogos, guias espirituais, obras de
santos, e documentos do Magistério (Encíclicas, documentos conciliares, discursos
dos papas, etc.), tudo em perfeita sintonia.
Mas... e os volumes 3, 4
e 5? Eles formam o tempo comum, o tempo entre as grandes preparações do
Advento/Natal/Epifania e Quaresma/Páscoa/Pentecostes. Deixei para falar deles
no final para destacar que a espiritualidade que amarra todos os textos de Falar
com Deus são os ensinamentos de São Josemaría Escrivá (1902-1975), o Fundador
do Opus Dei. Nas meditações o leitor não encontrará fórmulas mágicas, mas
aprenderá a: cuidar das coisas do Senhor sem esquecer o Senhor das coisas[1],
ou seja, a viver sua vida cristã (seja você leigo, casado, solteiro,
consagrado, religioso, sacerdote) em harmonia com suas ocupações cotidianas e
rotineiras. Admito que estas meditações são tão ou mais interessantes quanto as
de vida dos santos e das solenidades. Como nos ensinava São Josemaría Escrivá,
devemos não procurar coisas espetaculares: mas querer morrer em boas camas
como bons burgueses, mas doentes de Amor [a Deus].
Carvajal no final do
volume VII colocou a frase OPUS FINIS CORONAT (O trabalho é coroado pelo fim),
a lembrar outra frase de São Josemaría Escrivá: começar é de muitos,
terminar é de santos! A persistência na repetição, por amor a Deus, é a que
forja os grandes santos, e não o esforço repentino e esporádico.
[1] CARVAJAL, Francisco Fernandéz. Falar
com Deus: meditações para cada dia do ano. Vol. VII. São Paulo: Quadrante,
1992, p. 42.
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