quinta-feira, 29 de julho de 2021

Falar com Deus – Francisco Fernández Carvajal


Há livros que acompanham a gente por décadas, e mesmo que passem longas temporadas encostados, um belo dia voltamos a ler. Nesta seleta lista incluo a coleção
Falar com Deus (São Paulo: Quadrante, várias edições).

Na edição brasileira os livros contaram com a tradução de Pe. Ricardo Cintra e Emérico da Gama. Escritos há trinta anos atrás pelo padre Francisco Fernández Carvajal, os sete volumes percorrem todo o ano litúrgico da Igreja Católica. Os volumes 1 e 2 percorrem o Advento/Natal/Epifania e a Quaresma/Páscoa/Pentecostes; já os volumes 6 e 7 são as festas dos santos e as solenidades e o índice geral da obra – no vol. VII. O encadeamento das meditações – cada dia recebe três – não apresenta comentários ociosos, o que demonstra o tempo gasto e o cuidado com a redação, algo raro nos tempos apressados de memes, postagens e comentários pelas redes sociais. A erudição e o entendimento da Tradição católica do autor impressionam. Nas notas explicativas ao final dos textos encontram-se mescladas leituras da missa do dia, trechos da Bíblia, citações da Patrística, teólogos, guias espirituais, obras de santos, e documentos do Magistério (Encíclicas, documentos conciliares, discursos dos papas, etc.), tudo em perfeita sintonia.

Mas... e os volumes 3, 4 e 5? Eles formam o tempo comum, o tempo entre as grandes preparações do Advento/Natal/Epifania e Quaresma/Páscoa/Pentecostes. Deixei para falar deles no final para destacar que a espiritualidade que amarra todos os textos de Falar com Deus são os ensinamentos de São Josemaría Escrivá (1902-1975), o Fundador do Opus Dei. Nas meditações o leitor não encontrará fórmulas mágicas, mas aprenderá a: cuidar das coisas do Senhor sem esquecer o Senhor das coisas[1], ou seja, a viver sua vida cristã (seja você leigo, casado, solteiro, consagrado, religioso, sacerdote) em harmonia com suas ocupações cotidianas e rotineiras. Admito que estas meditações são tão ou mais interessantes quanto as de vida dos santos e das solenidades. Como nos ensinava São Josemaría Escrivá, devemos não procurar coisas espetaculares: mas querer morrer em boas camas como bons burgueses, mas doentes de Amor [a Deus].

Carvajal no final do volume VII colocou a frase OPUS FINIS CORONAT (O trabalho é coroado pelo fim), a lembrar outra frase de São Josemaría Escrivá: começar é de muitos, terminar é de santos! A persistência na repetição, por amor a Deus, é a que forja os grandes santos, e não o esforço repentino e esporádico.





[1] CARVAJAL, Francisco Fernandéz. Falar com Deus: meditações para cada dia do ano. Vol. VII. São Paulo: Quadrante, 1992, p. 42.

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