segunda-feira, 1 de março de 2021

ECUMENISMO: ORIGENS – parte 01. De onde veio esse tal de ecumenismo?



Que todos sejam um, para que o mundo creia (Jo 14, 21 e segs). De uma maneira abreviada – e vaga! – costuma-se citar essa passagem dos evangelhos para explicar as origens neo-testamentárias do ecumenismo e de todo o esforço por colocar em movimento (ecumênico) todo o esforço em reunir os cristãos.

Aos olhos do mundo a Igreja está dividida, enfraquecida e esquecida, mas Deus nunca deixou de ampará-la nos momentos tensos da história humana. A força do Espírito Santo nunca nos abandona se nós não abandonarmos Deus, muito menos a Igreja que Jesus fundou. Sob os escombros de brigas e desentendimentos de todos os tipos, ainda está vivo o sonho de Deus que quer que se atinja o número dos eleitos, pois Ele mesmo havia nos alertado de que: “tenho ovelhas que não estão neste aprisco”.

Para fins didáticos, nas próximas semanas espero publicar aqui no blog alguns “drops” de pesquisas que realizei nos anos passados, e espero que elucidem esse tema tão espinhoso que a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 trouxe para o conhecimento público.

 

Um dos pontos cruciais para o início do entendimento ecumênico é entender a origem das divisões, e para isso o entusiasta do ecumenismo precisa adentrar a história da Igreja. Somente sob uma leitura histórica é possível entendermos como as coisas chegaram ao estado atual.

Há muitos anos atrás, eu escrevi:

 

[...] a partir da Reforma no séc. XVI o mundo cristão sofreu com a cisão que daí se originou. As missões tanto de protestantes, quanto de católicos na Ásia e África (sécs. XIX – XX) revelavam um agressivo espírito de competição entre as diversas denominações.

As divisões entre as confissões cristãs - que viam nos dois continentes um gigantesco campo de atuação – deu aos cristãos a consciência do problema que era a divisão. Ao final do séc XIX começaram a se esboçar projetos para uma maior união entre as diversas denominações, resultando no Congresso de Edimburgo, em 1910, inicialmente voltado para o trabalho missionário. O congresso foi o passo inicial para importantes movimentos como Faith and Order [Fé e ordem, ou seja: dedicavam-se aos aspectos espirituais da vida cristã], Life and Work [Fé e trabalho, ou seja: dedicava-se a ação social dos cristãos], e o Movimento Missionário Mundial, dando origem ao chamado Movimento Ecumênico.

Faith and Order e Life and Work atuaram paralelamente até 1948, quando na Primeira Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas (em inglês World Council of Churches – WCC) as duas entidades se uniram. Nessa ocasião estavam presentes cerca de 350 delegados representando 147 Igrejas de 44 países. Hoje [2005] já são mais de 300 Igrejas filiadas. O Conselho Missionário Mundial só ingressou em 1961 durante a Assembléia de Nova Délhi – Índia. O CMI re-introduziu a acepção do termo ‘oikoumene’ [ecumenismo] como a reunião de todos os cristãos. Essa era a acepção defendida pelo idealizador do CMI, o bispo luterano de Uppsala-Suécia, Nathan Soderblom: a criação de uma Entidade que trabalhasse a ‘oikoumene’ dentro desses novos limites.

Enquanto isso, mais especificamente no dia 25 de janeiro de 1959, João XXIII anunciou a intenção de convocar um Concílio Ecumênico para toda a Igreja Católica Romana. O concílio marcou a entrada oficial da Igreja Católica no movimento ecumênico com a criação do Secretariado para a Unidade dos Cristãos.

 

O movimento ecumênico queria reunir o mundo protestante dividido em milhares de denominações, muitas delas com quase os mesmo ritos e liturgias, mas de qualquer modo estavam divididos. Ainda no Congresso de Edimburgo um missionário oriental – infelizmente não se registrou seu nome – admitiu que os orientais eram gratos por terem apresentado o Cristo, mas por outro lado havia muitos Cristos: o dos católicos, dos metodistas, luteranos, reformados, e assim por diante.

O movimento ecumênico queria consertar isso, mas nos inícios os católicos estavam excluídos. O ecumenismo queria unir os protestantes para poderem enfrentar os católicos em igualdade de posições. Mas com o tempo isso foi mudando.

Mas aí já adiantamos demais o assunto.

Na próxima postagem conto mais sobre a entrada do catolicismo romano no movimento ecumênico.

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