Quando eu era ainda jovem - a não tanto tempo assim, infelizmente! – eu assistia muito desenho animado japonês na TV paga. Era um vício miserento: chegava tarde da noite do trabalho, jantava – isso depois de, frequentes vezes, já ter lanchado um x-calabresa completo!!!!!! (DOMINE, MEA CULPA, MEA MAXIMA CULPA!) –, sentava na frente da TV e assistia desenhos animados até o começo da madrugada. No dia seguinte acordava tarde, mas até aí eu só entrava no trabalho às 14:00hs, e ao voltar do trampo lá pelas 22:30hs, 23:00hs ou até mais tarde ainda, lá estava eu de novo na frente da TV, e ainda gravava no meu antigo videocassete, ou seja: no final de semana rolava um “reprise”. Um dos desenhos que me hipnotizava era o Dragon Ball.
Criado ainda nos anos oitenta do séc.
XX pelo genial Akira Toriyama, tornou-se uma febre planetária. Resumidamente,
contava a saga do alienígena Goku, vindo ainda criança do seu planeta destruído
para a nossa Terra. E ao longo das milhares de páginas do mangá
(história em quadrinhos), ou pelos episódios do anime (desenho animado)
acompanhávamos embevecidos o crescimento do herói: da sua infância na Terra,
passando por diversos treinamentos em artes marciais, suas participações nos Torneios
de artes marciais, chegando enfim a enfrentar poderosos alienígenas e
androides superpoderosos. Suas sagas, cheias de sarcasmo e humor negro, eram o
assunto no trabalho, chegando ao ponto da gente criar apelidos com os nomes dos
personagens do programa.
Em uma dessas sagas, Goku toma uma
baita surra de um rival, Vegeta, e decide usar um golpe supremo, a Genki
dama, reunindo a energia vital (ki) emprestada de todos os seres
vivos do planeta para reunir em um único golpe e derrotar o vilão. Mas as
coisas não andam bem e Goku, muito ferido, “empresta” a Genki dama para seu
amigo Kurilin: https://www.youtube.com/watch?v=FywPQlZi6SY ,que infelizmente não consegue usar a genki dama, mas eu
pensava que essa imagem serve bem para ilustrar a situação do papado na
História da Igreja.
Ao longo
desses mais de dois mil anos de história, tivemos papas, cardeais, bispos e
presbíteros dos mais variados: santos, pecadores, dignos e indignos, além é
claro dos inumeráveis fiéis! Mas em uma coisa esses ungidos do Senhor Jesus
nunca deixaram de se diferenciar, no caso, o de serem os legítimos portadores
do múnus apostólico de ensinar, pregar, ministrar os sacramentos, serem os guardiões
da Tradição Católica. São Josemaría Escrivá costumava nos lembrar que os
sacerdotes tinham dois anjos: o seu anjo da guarda e o anjo custódio para
preservá-los dos perigos inerentes ao seu encargo: ensinar os fiéis, daí o
termo Igreja docente, a Igreja que ensina.
O Espírito Santo
preserva o papa romano do erro doutrinal quando ele fala Ex catedra, ou
seja, oficialmente como sucessor do Apóstolo Pedro, o primeiro papa. Ainda em
1854 Pio IX assim se expressou ao proclamar o dogma da Imaculada Conceição
de Maria:
Para a honra da santa e indivisa
Trindade, para a glória e adorno da Virgem mãe de Deus, para a exaltação da fé
católica e para o incremento da religião cristã, nós – com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos santos
apóstolos Pedro e Paulo, e a nossa – declaramos, pronunciamos e definimos
que a doutrina que afirma que a Virgem Maria foi, no primeiro instante de sua
concepção, preservada intocada por qualquer mancha de pecado original, por um
singular privilégio do Deus Todo-Poderoso, em consideração aos méritos de
Cristo Jesus, Salvador da humanidade, foi revelada por Deus e por isto deve ser
firme e constantemente crida por todos os fiéis[1].
Somente o
representante de Cristo devidamente investido de uma autoridade especial poderia
proclamar que Maria Santíssima fora concebida sem pecado original, o pecado de
orgulho dos primeiros pais Adão e Eva. Anos depois, o mesmo Pio IX proclamou o dogma
da infalibilidade papal:
Nós, aderindo
fielmente à tradição recebida desde o começo da fé cristã, com vista à glória
do Divino Salvador, à exaltação da religião católica e à segurança do povo
cristão (com a aprovação do sagrado concílio), ensinamos e definimos como dogma divinamente revelado que o romano
pontífice, quando fala ex cátedra (isto é, quando cumprindo o ofício de pastor
e mestre de todos os cristãos, em sua suprema autoridade apostólica, define uma
doutrina concernente à fé e aos costumes para que seja admitida pela Igreja
Universal), pela divina assistência que lhe foi prometida pelo bem-aventurado
Pedro, é dotado daquela infalibilidade com que o divino Redentor quis que sua
Igreja – definindo uma doutrina concernente à fé e aos costumes – estivesse
equipada. E, portanto, que tais definições do romano pontífice são
irreformáveis por si mesmas e não em virtude do consentimento da Igreja. Se
alguém atrever-se a (que Deus o impeça) contradizer esta nossa definição, seja
anátema [excomungado][2].
Essas peculiaridades do papado romano
me fizeram lembrar de outro desenho que marcou minha infância, Transformers,
o filme (1986): https://youtu.be/dMZzlyA9bc0
Autobots e Decepticons partem para a batalha final que decidirá o destino de
Cybertron, o planeta natal dos Transformers. Durante a batalha o líder dos
Autobots, Optimus Prime, é mortalmente ferido – como se robô morresse, mas
enfim... – e ele passa a Matrix (a fonte de poder e legitimidade dos Primes) a
Ultramagnus. Após mil e uma peripécias, a Matrix vai parar nas mãos do líder
dos Decepticons, Galvatron (que originalmente era Megatron, mas após uma repaginada
muda de nome, mas não de - mau - caráter). Aí, na hora em que parecia que tudo
iria pro vinagre, eis que o Autobot mais jovem, indisciplinado e rebelde, Rot Rod,
é metamorfoseado pela Matrix e se transforma em Rodimus Prime, o novo líder dos
Autobots e salva o universo.
Às vezes penso que Deus-Espírito Santo
é como a Matrix dos Transformers: escolhe pessoas aos olhos do mundo incapazes para
assumir tarefas gigantescas.
Uou... admito que aqui exagerei, peguei
pesado mesmo, mas penso que era necessário para entendermos corretamente o que
representa o papado de Francisco. Ele é o sucessor do Apóstolo Pedro, o
primeiro papa, investido do poder do Alto – aliás, como todos os demais 265
antes dele -, mas Deus não o preservou das fraquezas humanas. Ele pode ser
pouco claro, escorregar nas cascas de banana da mídia, no dizer do jornalista
Carlos Alberto di Franco, mas Jesus ao fundar sua Igreja sabia que ele seria papa
assim mesmo.
Debaixo de lama e excrementos o ouro
de Deus não perde seu valor. O que precisamos é lavar e limpar bem para que o ouro
brilhe novamente e nos mostre toda a sua beleza. Que nos purifiquemos, que
rezemos muito pelo papa e por todos os padres e bispos, sucessores legítimos
dos Apóstolos!
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